terça-feira, 12 de julho de 2011

2º Manifesto. O tempo.

Dizemos muitos de nós:
- Sim, não, estou velho, velho moço, moço velho, cheguei até aqui com muitos anos acumulados, é muito, é pouco, é muito pouco tempo.
É tarde, é cedo, é começo, recomeço
Uma ponte infinitamente larga no tempo, vou atravessando,
Cansado, disposto, a dor que me rasga por dentro e com reflexos no corpo é a mesma disposição para nascer de novo e fazer tudo diferente outra vez
Atravessar o portal das 7 cores, 7 ondas, 7 notas musicais
Numa melodia sem começo nem fim
Estou só com todos, todos sós comigo,
Eu, sentindo estar nesse momento com todas as idades.
Criança, adolescente, adulto, meia-idade, velho, moço,
Tempo, é sempre tempo, respeito este senhor, senhor? Quem disse que o tempo tem idade? O tempo como concebo, se é uma personalidade, também tem todas as idades, o tempo senhor é atemporal por execelência, senão não seria o senhor do tempo
E eu, como seu filho, digo o mesmo sobre mim mesmo
Se olho pra ele, em mim, com o fardo da idade, é assim que ele me aparece
Se o olho no embalo de um pulsar gritantemente jovem, ele surge diante de mim como um jovem para sempre, apesar de não abrir mão de deixar suas marcas em meu corpo. Corpo desenhado pelo tempo, artisticamente planejado no acender e no desligar aos poucos para poder partir para outros tempos em outros espaços.
Espaços irmãos do tempo, interligados, concetados, amantes desvairados sob a lei. Esperar ou fazer a hora acontecer? Um eterno dilema, assim como livre arbítrio e destino, correntes que puxam, mas que nelas você navega ou nada como puder ou quiser, ambos.
Sincronicidade. Mistério do tempo, que emerge sem pedir licença, fazendo a roda girar quando menos se espera, balançando tudo à sua volta. É quando você pede, implora pra sair rápido dali ou agradece pela graça enfim concedida, após ser julgado merecedor em algum tribunal do tempo.
É, meu velho amigo Sócrates, isso mesmo, só sei que nada sei e nem disso tenho certeza. E me curvo ao senhor tempo sabendo que além dele há o senhor atemporal, como há inúmeras hierarquias divinas, governos ocultos que tudo regem e nós, sujeitos a leis que muitas desconhecemos, estamos ligados a todas elas, pedindo licença, buscando a boa sintonia.
Encontrei momentos em que me encontrava vivendo instantes nós quais me encontrei, e busco o momento do encontro para sempre. O sair da Matrix, como será? Certamente, um outro tempo, de uma beleza indescritível, incomunicável.
Em meio a tantas possibilidades, a tantos caminhos, por que escolhemos aqueles que nos trouxeram até aqui? Em que medida fizemos o que pudemos, escolhemos o erro em vez do acerto? Vivos talvez há milhares ou milhões ou bilhões de anos, fomos trilhando percursos só nossos, com uma individualidade construída a partir de uma nota única, tocada de um jeito que fomos aprendendo, com o peso das próprias escolhas, construindo e sendo levados por um destino do qual não fazemos ideia, mas que com a fé, com a força do querer, do implorar aos deuses, vamos navegando, porque navegar é preciso e viver está implicito.
Nas oscilações deste barco da vida, entre desesperos, esperanças, momentos lindos, tristes, rotineiros e criativos, vamos tocando e aprimorando o domínio sobre nosso instrumento que parece tão indomável. Corpo, mente, alma, espírito. Mal nos conhecemos. Nem a nós nem aos outros. Não, não há nenhum motivo para soberba. Humilhados pelos acontecimentos trágicos, envaidecidos pelos sucessos passageiros, procuramos o caminho do meio, onde nem tanto ao mar nem tanto à terra, temos um centro. Coluna ereta, coração tranquilo, buscamos esta postura que não se fixa, nos movemos.
Tanto em comum, eu sou você de um modo diferente. Todos os eus são únicos e semlhantes de algum jeito, interconectados numa grande teia, tecida por nós e pelo destino, ao mesmo tempo. Tempo que nunca se repete, que tudo transforma de alguma maneira. Nos curvamos, nos ajoelhamos, na pequenez reconhecida quando enxergada por trás das superficialidades aprendidas na cultura, na sociedade, em família, em tudo, em todos.
Ilusão, tentando afastá-la para penetrar na verdade sem dono, sem receitas, sem credos, limpa e transparente, nos vemos sujos na superfície, que só deixamos no silêncio, com a mente quieta, emoções afastadas, lago sem vento para ver o fundo de nós mesmos.
Caímos às profundezas, subimos, descemos, subimos, mergulhadores da vida muitas vezes só encontramos a luz no fundo da terra, kundalini serpente que sobe para receber a luz solar na coroa da cabeça. Sol do fundo, sol de cima, só possível com o sol de dentro.
Caminhamos. Saudamos o Sol, a Luz, as Estrelas, vagalumes da eternidade, voamos sonhando andorinhas, águias, gaivotas, gaviões. Estupradores da nantureza, tentamos pedir perdão a ela, refazendo tudo após tanta destruição.
Saudamos a Grande Mãe e pedimos perdão, misericórdia, clemência, piedade.
Alcançar o futuro é regressar ao natural de algum jeito. É reconectar o caminho certo. Refazer a caminhada. Arrumar o o passado no presente. Desvencilhar-se de ambos e puxar o futuro para agora. Dar-se um novo presente.
Tempo. O novo nos espera a todo momento. Tempo? Seria o novo um salto quântico criativo que, do atemporal, suge na temporalidade? A arte de criar é o salto. Criaturas criadoras, esta é nossa grande força inserida na Força Maior.

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