segunda-feira, 6 de junho de 2016

Dorian Gray nunca partiu.

Ouço, sua voz morreu há muito você trocou seu sonho de então viver por um jeito de se socializar por um meio de se enganar por umas notas a se avolumar pela religiosidade decadente pelo cientificismo acovardado com a desculpa do pragmatismo com a superação dos superados com as frases feitas de auto-ajuda com a hipnose de sanguessugas com o sangue de veias alheias com o derrame de palavras secas com a alma enfiada no saco com a pompa intelectual certeira com o status sequencial de títulos com o medo assustador do ridículo com a estaca fincada no peito com os olhos fechados ao abstrato com a concretude de uma mente repetitiva com a criatividade sem criação nenhuma com os novos feitos dos velhos reciclados com a corrente das redes a lhe amarrar seus próprios passos com a vontade própria substituída pela ideologia das conveniências pela aceitação do ouro e do outro a qualquer preço assinando embaixo do que os que mandam mandam obedecendo a tudo o que eles profanam dessacralizando toda a sua natureza você se tornou um ser de plástico um alquimista ao avesso um verme de ouro uma chave quebrada uma porta fechada ao infinito de si mesmo gritando pra fora o que apodrece por dentro doses diárias de viagra para a alma colecionador de pensadores investidor em famosas citações memorizador do socialmente aceito um perfeito retrato em um quadro da velha história sempre viva e morta de Dorian Gray

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