sábado, 24 de outubro de 2015

Realidade e Ilusão

O desafio de entender a realidade e desfazer-se da ilusão é muito grande, porque cada um enxerga o que se chama de realidade de uma maneira particular, do mesmo modo que se vê de modo diferente que os outros o veem, cada qual também à sua maneira. Temos consenso sobre determinadas coisas, por exemplo, aquilo ali é uma cadeira, aquela é uma árvore, olha o cachorro, veja esta mulher, aqui é o Brasil. Agora, cada um encarará aquela cadeira - e tudo que aqui citei como exemplo - de um modo particular, com critérios próprios de feio, bonito, legal, chato, simpático, antipático, atraente, repulsivo,etc. Parece óbvio falar da realidade, mas o que é real de fato? Aquilo que os sentidos apontam? E aquilo que pensamos, sentimos ou imaginamos? É senso comum que realidade significa o ajuste que fazemos entre a imagem e a ideia da coisa em si, entre verdade e verossimilhança. O assunto realidade é matéria presente em todas as ciências e tem particular importância nas ciências que têm como objeto de estudo o próprio homem: a antropologia cultural e todas as que nela estão implicadas, como a filosofia, a psicologia, a semiologia e muitas outras, como também nas artes. O modo em como a mente interpreta a realidade é uma polêmica antiga e grandes pensadores de todos os tempos teceram suas teses sobre o tema. Na interpretação ou representação do real, seja verdade subjetiva ou crença, a realidade está sujeita ao campo das escolhas, das interpretações, ou seja, determinamos parte do que consideramos ser um fato, ato ou uma possibilidade, algo adquirido a partir dos sentidos e do conhecimento adquirido. Dessa forma, a construção das coisas e as nossas relações dependem de um complexo contexto, que ao longo da nossa existência cria uma lente, definindo o que vamos aceitar como real. A realidade, desse modo, é construída por cada um, não é dada pronta para ser descoberta. Aquilo que observamos está vinculado a escolhas, que são mais um conjunto de normas do que evidência. Chegamos assim a pereceber que não existe realidade absoluta, mas visões particulares, pois nada existe ou é igual para todos. Assim, quando alguém chega pra você e diz para encarar a realidade, você pode perguntar: - Qual, a sua ou a minha? Vale o mesmo para todos os conceitos, inclusive o de Deus, pois cada um tem uma visão própria de Deus, vinculada ou não a alguma religião. Por falar nelas, alguns acreditam em céu e inferno, em uma só vida carnal, outros em vários planos pós-morte e em reencarnação, só para citar básicas diferenças. Para outros, só existe esta vida e fim e quando ouvem falar em plano astral, por exemplo, acham isso uma tremenda bobagem. Seja no campo científico com métodos próprios ou no campo metafísico, a realidade dança conforme o investigador. O que era julgado realidade ontem não é mais hoje e será diferente no futuro, conforme o avanço das pesquisas ou das consciências. Na física quântica, personalidades como o Físico indiano Amit Goswammi, faz pontes entre ciência e espiritualidade, com novas investigações não aceitas no meio científico, mas muito bem recebidas por muita gente. Tudo muda o tempo todo, tudo é transitório e nossos conceitos de realidade e de quem somos também. Estamos vivos, só isso que sabemos, e queremos aproveitar este fato da melhor maneira possível. Se tudo aqui ou o quê aqui é real ou ilusão não sabemos ao certo. Mas a música está tocando. Cabe a nós dançar e curtir ao máximo este som e tentar eliminar os ruídos que nos atrapalham e não nos deixam ouvir direito a melodia e sua letra. É tudo o que temos. Somos curiosos e não vamos parar de investigar. Isso é bom, mas não deve ser uma obsessão, pois ela também estraga a música. Investigar deve ser uma viagem prazeirosa enquanto dançamos, senão não faz sentido.

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